quarta-feira, abril 05, 2006

A Cidade

A cidade ferve, a cidade pulsa, a cidade grita, corre, palpita e conjuga uma infinidade imensa de verbos.
A urbe é viva.
Estranho este fenômeno de interação. A cidade devora a vida dos que vivem por ela e cresce, ganhando corpo e movimento, ganhando verbos e mais verbos no seu agir.
Nós, os humanos, temos este hábito: criamos coisas e nos tornamos parte delas.
Todos os dias, acordamos e encarnamos nosso papel no teatro urbano, alimentamos a inquietação coletiva que já nos é natural.
Somos todos uma única figura massiva no cotidiano. A cidade é exatamente isso, a soma dos indivíduos, dos sons, dos movimentos. A fusão das várias energias despendidas em uma única vida: a cidade.
Eis aí um bom paradoxo: A cidade é humana ou o homem é que é urbano?
O fato é que, indubitavelmente, ela “É”, e se apresenta como um gigantesco “Ser” que acorda cedo, tem pressa, trabalha, almoça, se afoba no trânsito, perde a paciência no “rush” e, passado o stress, deixa cair, vertiginosamente, o metabolismo, tornando-se plácida e familiar entre uma “novela-das-sete” e um Jornal Nacional.
Há quem diga também, que ela se enamora da lua e se prostitui nas bocas de noite. Que pode ser vista em bares, embriagada, buscando sedução e fazendo coisas proibidas. Que é ébria, boêmia, nostálgica e festiva nas madrugadas.

Pessoalmente, prefiro vê-la em um trechinho projetado minha janela. Nestas horas em que divido o céu com ela, contemplo-a maternal e cúmplice e ela me olha como em um desabafo, dizendo estar cansada e querer falar pouco, mas que aceita uma bebida, um sorriso e um afago antes de dormir.

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Uri, blz? Gostei desse texto sobre a cidade - essa verdadeira entidade onde vivemos, que somos. Um grande organismo. Beijos, rapaz :)
Babe
www.desobjeto.blogger.com.br

Anônimo disse...

Oi Uri!
É legal observar a cidade à noite, a calma, a lua!
Bjs!

Anônimo disse...

"A cidade não para, a cidade só cresce..." Sabe que eu, às vezes, fico viajando e imaginando quem eu seria se vivesse em outra casa de outra rua de outro bairro de outra cidade, com outra vista da janela, outros ares, outros sons, outra dinâmica, outros costumes. A cidade é muito humana pra mim, vc mesmo já respondeu o paradoxo, "se apresenta como um gigantesco “Ser” que acorda cedo, tem pressa, trabalha, almoça, se afoba no trânsito, perde a paciência no “rush” e, passado o stress, deixa cair, vertiginosamente, o metabolismo, tornando-se plácida e familiar entre uma “novela-das-sete” e um Jornal Nacional" . Ela me causa uma influência incrível, principalmente pq moro - com 6 meses de excessão - no mesmo endereço desde que nasci. Cito-a entre aqueles que amo, como se fosse uma outra pessoa e compro as suas brigas também. Claro, que dito isso, adorei o texto e o carinho à cidade. Bjo pra vc, Feliz Páscoa! :)))

Anônimo disse...

URI, Feliz Páscoa!
Ery Roberto - www.infinitopositivo.blogger.com.br

Anônimo disse...

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