segunda-feira, abril 26, 2004

Lithium Ion

Para os celulares e computadores, íons lítio.
Máquinas fotográficas, gravadores, câmeras: Níkel-cádmio.
Telefones, energia elétrica.
Energia, água.
Papel, ávores.

Já repararam o quanto a memória da humanidade é vulnerável?

Somos uma civilização-detalhe no universo,
auto-predatória, paradoxal, gananciosa,
mas fadada ao esquecimento.


Não somos o máximo?
Hehe!

quinta-feira, abril 15, 2004

POESIA PARA VENDER EM SINAL

Você está em volta de mim e não quero te deixar passar.

Quero te pedir um cigarro,
perguntar as horas,
indicar uma vaga para o seu carro,
ainda que eu não fume,
tenha um relógio e,
efetivamente ache que seria melhor você deixar o carro em casa.

Eu só quero conversar.

Quero traduzir teu verbo e filtrar suas idéias,
entendê-las válidas, mas discordar,
ou simplesmente
não me manifestar.
Quero conhecer seus problemas e apesar de oferecer toda ajuda do mundo,
talvez não resolvê-los, mas mostrar-me solidário.
Quero não te incomodar quando perceber que você não está bem.

Só tenho vontade de te ouvir.

Quero te mostrar que estou vivo e que não sou indiferente a você,
quero respeitar seu caminho e abrir passagem, quando ele for de encontro ao meu.
Quero reconhecer suas virtudes saber meus defeitos e enfrentar nossa condição
tão demasiadamente humana.
Quero igualar você ao rico e ao pobre,
ao belo e ao feio, ao sujo e ao limpo.
ao magistrado e ao mendigo,
ao prefeito e ao lixeiro.
Quero que você me veja como gente,

Não quero nenhuma divisa entre nós.

Quero te falar do que importa,
comer torta,
quero falar da vidinha,
do nosso time,
do calor, da chuva, da falta de dinheiro,
ainda que não saiba nada do que estou falando,

Eu só quero te falar.
Eu só quero existir,
só quero viver,
só quero ser...
humano.


É isso aí, divulguem a paz, meus amigos, de qualquer maneira.

segunda-feira, abril 12, 2004

Fazenda

São tantas as cenas que assaltam meus sentidos, e tão impressionantes que sinto obstinação em assegurar que a memória registre cada detalhe e cada cena.
Um bosque ao entardecer, com passaros anunciando a fuga do sol, guardando uma paz mágica a uma temperatura perfeita. Três cavalos correndo pelo pasto, um deles dominando os demais, resfolegando, batendo os cascos e erguendo a cabeça, impondo o medo de forma encantadora. Uma gata caçando mariposas, libertando toda a selvageria e malícia do espírito felino. Formigas labutando severamente. Um besouro desnorteado em busca de luz, voando suicida em direção ao fogo.
São tantos os quadros e tão complexos que temo ser infinita a sua descrição, e de tão infinita, inútil.
Acima de tudo isso, um céu como não se vê na cidade, e nele, indícios de uma infinitude ainda maior. Um destempero de astros, sóis, galáxias. Os constantes movimentos da luz, raiz absurda da nossa maior ilusão: o tempo.
Pensar em tudo isso é inquietante, quando não desesperador.
Por isso me sento no bosque, contemplo os cavalos, a gata, as formigas, o besouro. Nestas horas só me concentro em uma coisa: esquecer do tempo e deixar que a vida passe mais suavemente por mima. Permitir, por um só instante, que o infinito seja isso.

segunda-feira, abril 05, 2004

amor próprio

Não falo dez línguas, não estudo teologia, não salvo baleias, não trabalho em uma instituição de caridade, não jogo futebol, não trabalho na bolsa. Não fiquei rico aos vinte e cinco, não salvei uma criança dos escombros do WTC, não fui campeão brasileiro de Ginástica Olímpica, não sou o primeiro da turma, mas uma coisa amo em mim:

Eu detesto mac donalds!!!