quinta-feira, março 29, 2007

Pedra Bonita - Itanhandy



(Fazenda Itanhandy, Rubim, Minas Gerais, por Marcelo Lutterbach)
Mova-se! Algo dentro de mim sempre ordenou isso. Saí de casa pequeno e sempre que volto vejo que há muito a explorar na terra dos meus pais e dos meus ancestrais.
O jeito aventureiro que cultivo encontra sempre aconchego na minha própria casa. Em outros tempos, meu pai foi tropeiro, cortava poeira e fazia rota de comércio do sertão ao litoral.
Quando mais menino, ensaiei minhas primeiras andadas à moda dos tropeiros, montado em um cavalo. O posto era honroso, assistente de Vovô Augusto, meu primeiro grande amigo, meu primeiro professor de vida. Tempos depois, já mais aquilatado de corpo e arranhado de paixões, cortei estrada, de bicicleta, desse sertão até a beira-mar e vi de perto o quanto meu vale é rico, apesar da pobreza que se fez sinônimo da palavra Jequitinhonha. Agora olho essas pedras e penso em escalar uma por uma, só para ver o que elas sempre viram naquele horizonte do meu sertão. Hei de fazê-lo, mas hei de fazer isso apaixonadamente, amando a terra que piso, querendo aprender com as rochas a ser forte e longevo.
Às vezes penso que foram estas rochas que moldaram os homens da minha terra. Homens como meu pai e meu avô, fortes, firmes, impassíveis e, sempre, olhando o que virá no horizonte.