Transformações são assim, por mais que se tente precisar o momento em que uma coisa se torna outra, há um intervalo que fica oculto. É neste momento que algo some e algo surge.
Foi assim comigo, eu mudei e algo que era meu se perdeu no limiar da dor.
A alma, como tudo, se adapta.
O que sou hoje é o resultado de uma cadeia de fatos dos quais me lembro muito bem.
Da transformação nada lembro.
Lembro-me dos fatos de forma insípida e incolor, crua.
Não sinto nada. Não consigo sentir, não consigo falar sobre sentimentos.
Acharei, um dia, a lógica de tudo e saberei, então, porque sangra essa alma imatura.
Até lá, continuarei andando de lugar em lugar, colecionando pôres-do-sol.