terça-feira, maio 11, 2004

Guaraná em pó

Pizza do lado do mouse.
Vinho no lençol,
saca rolhas de ressaca
na sala.
e os olhos dela tão frios...
tem papel prá tudo quanto é canto,
encanto que se quebra nas horas,
palavra atrás de palavra,
fosfato atrás de fosfato
e o cursor na ainda segue piscando...
Os os olhos dela tão frios...
o rosto tão sério e tão certo,
a palavra tão curta e tão grossa,
a lembrança da raiva instantânea,
meia palavra, um terço de gesto
e meu humor do desencanto.
(just one word to say: f...)
Agora só esse ruído
e aquela luzinha verde...
O travesseiro ao pé da cama,
o lençol manchado caído,
jesus sofrendo na cruz
o computador grunhindo
incansável
e os olhos dela ali,
no meio daquele meu quarto
em um canto qualquer da memória,
perdidos no meio do caos,
é rosto de ganhar dinheiro,
sem sorriso nem simpatia,
é rosto que fecha questão,
são olhos de quem não vive.
O travesseiro embolado na cama
um canto, um drama
o cursor piscando,
A coca-cola ainda espumando.
e a cuca ali espiando,
a cuca que fica na estante,
na quinta prateleira,
abaixo do quincas borba,
ao lado do gato de botas,
dentro do Monteiro Lobato,
da capa desbeiçada e velha,
e os olhos dela tão frios...
da cuca...
mas não tenho mais medo,
meus olhos vermelhos me irritam,
passou o efeito,
foda-se, vou dormir,
amanhã eu termino .
essa droga de monografia.

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