tag:blogger.com,1999:blog-57786672024-03-07T02:34:49.413-03:00FotopalavraMomentos retratados em verbo.Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.comBlogger54125tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-35033871004274254302022-01-13T22:24:00.001-03:002022-01-13T22:24:58.888-03:00 Estive adormecido, não morto.Vaguei por novas sendas, provei novos sabores. Atravessei tempestades e vaguei no deserto por considerável lapso.Lavei meus olhos por diversas vezes, procurei orientar-me mirando por pontos distintos.Descobri que não há um único rumo e enxerguei caminhos para os quais nunca havia olhado.Procurei percursos mais mansos e os encontrei.Descobri, todavia, Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-10728021465862969492009-03-13T02:48:00.000-03:002009-03-13T02:49:23.580-03:00O SEMPRE NOVO COMEÇOAdiei um pouco a minha volta.Minha casa, vazia, ainda representava algo a ser superado. Não mais uma barreira, mas fragmentos do que um dia o foi.Aos poucos fui voltando. E cada vez que vinha limpar, arrumar ou guardar, senti que lidava com os resíduos daquilo que durante tanto tempo me fizera sofrer sempre demasiadamente: eu mesmo.Entre tirar o pó e organizar armários, inaugurava algo totalmenteUrihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-21973645281737221952008-11-11T14:14:00.003-02:002008-11-15T20:35:12.388-02:00amor-palhaçoVou vender poesias tristes nos sinais de trânsito, mendigando moedas em troca de versos amargos sobre um coração machucado e sem sorte.Minhas poesias serão grandes, de estrofes inacabáveis, carregadas de palavras ingênuas e romantismo barato...e em todas elas constará o mesmo tema, da forma mais ridícula, repetitiva e irritante que conseguir: o amor.Vou me fazer de palhaço e pintar o rosto com umUrihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-10999030769654622142008-09-08T22:04:00.002-03:002008-09-08T22:13:18.518-03:00BalançoInventei um sonho para cada um dos tantos dias que vivi até hoje e minha vida tem caminhado, passo a passo, de um sonho a outro.Andei por vários destes anos buscando o significado de mim e, em mim mesmo, assim sozinho, não vi resposta nem graça. Inventei amar, mas o amor se mostrou uma criatura indomável e inconstante, ora precipitada, ora arredia e meu coração sacolejou muito ao tentar Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-9961668374737532112007-11-24T17:05:00.001-02:002007-11-24T17:39:41.825-02:00Meu enganoQuando o telefone toca por volta das oito e meia, pelas raras vezes em que estive em casa neste horário eu já sabia: era engano. Uma voz distante perguntaria se eu era um fulano que não era, e, aos gritos, no telefone público barulhento, levaria alguns minutos para entender que ligou na cidade errada. Eu o despacharia com uma certa impaciencia condescendente e abreviaria, ao máximo, a conversa. Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-73330601167701543402007-10-04T23:53:00.001-03:002008-04-26T12:30:46.708-03:00MutatioTransformações são assim, por mais que se tente precisar o momento em que uma coisa se torna outra, há um intervalo que fica oculto. É neste momento que algo some e algo surge.Foi assim comigo, eu mudei e algo que era meu se perdeu no limiar da dor.A alma, como tudo, se adapta.O que sou hoje é o resultado de uma cadeia de fatos dos quais me lembro muito bem. Da transformação nada lembro.Lembro-meUrihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-24590726566158319982007-06-23T00:39:00.000-03:002007-06-23T01:30:13.821-03:00espelho da almaEsta noite, sem perceber, espalhei armadilhas por todos os cantos e fui caindo em uma por uma.Uma lembrança cortada, uma palavra ao avesso do sentido, uma música interrompida no primeiro acorde.O forte que há em mim foi perdendo o traquejo enquanto as máscaras despencavam indiferentes ao que ia por dentro.Descobri que meu coração é menino e não entende a confusão dos personagens instalados na Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1175217692099695922007-03-29T23:15:00.000-03:002007-03-29T23:24:18.436-03:00Pedra Bonita - Itanhandy(Fazenda Itanhandy, Rubim, Minas Gerais, por Marcelo Lutterbach)Mova-se! Algo dentro de mim sempre ordenou isso. Saí de casa pequeno e sempre que volto vejo que há muito a explorar na terra dos meus pais e dos meus ancestrais.O jeito aventureiro que cultivo encontra sempre aconchego na minha própria casa. Em outros tempos, meu pai foi tropeiro, cortava poeira e fazia rota de comércio do sertão aoUrihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1154059187777300722006-07-28T00:52:00.000-03:002006-08-18T22:56:40.643-03:00Não há uma só gota de palavra que respingue aqui, debaixo desse céu absurdo.Tudo é lua, céu, estrelas e eu.Acredito que nunca estive tão absurdamente tranquilo na solidão.Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1148609134878147402006-05-25T22:18:00.000-03:002006-05-25T23:05:34.956-03:00areia dos sonhos Foto por Marília Gomes, Portugal Quando pequeno, lembro de sonhar com areia.Era uma grande bola de areia - sim, nos sonhos de crianças elas são possíveis -, e ela rolava aumentando de tamanho e, à medida que aumentava, ela se tornava mais leve e, à medida que ficava leve, a superfície pela qual rolava se tornava mais rugosa e o seu rolar na superfície irregular era algo incômodo e Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1146793210567665472006-05-04T22:00:00.001-03:002008-04-26T12:41:36.799-03:00IntimidadeTe toquei até que entre tua pele e meu tato não houvesse mais qualquer segredo, ainda que,entre nós, todo toque seja novo.Abracei teu corpo até que nossa temperatura fosse única e nossos corpos, simbióticos.Percorri cada poro e cada pêlo até que minha boca conhecesse cada fragmento de tua geografia.Passeei tanto em teu corpoque minha memória,no resto das horas que passo sem ti, não concebe mais Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1145413510166027402006-04-18T22:44:00.000-03:002006-04-18T23:37:58.126-03:00Ego tripViajando pelas veredas de mim mesmo encontrei, guardadas, certas coisas das quais sempre acreditei ter me livrado, por não gostar. Eram lembranças ruins, em que sofro.E elas estavam guardadas em mim.Descobri, na verdade, que nunca quisera perdê-las. Estranho apego ao insucesso, estranho culto ao desconforto.Acomodei-as em memórias sempre visíveis e, por mais insólito que isso possa parecer, fiz, Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1145062827379848602006-04-14T21:52:00.000-03:002006-04-14T22:00:27.386-03:00dimensão de nósOnde estivemos?perdidos, ambos, num mesmo olhar.Fugimos, e fixamos morada num ponto onde todas as dimensões foram uma única coisa:verdade.A verdade de nossos corpos e almas, a verdade humana do amor e da carne,aquela coisa única que só sentimos ali.Sim, estivemos lá,naquela concretude de tempo,naquela incerteza de espaço,naquela perfeição de tudo,na nossa alcova.No ponto onde estivemos, estivemosUrihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1144290847387705922006-04-05T23:10:00.000-03:002006-04-05T23:34:10.250-03:00A CidadeA cidade ferve, a cidade pulsa, a cidade grita, corre, palpita e conjuga uma infinidade imensa de verbos.A urbe é viva. Estranho este fenômeno de interação. A cidade devora a vida dos que vivem por ela e cresce, ganhando corpo e movimento, ganhando verbos e mais verbos no seu agir.Nós, os humanos, temos este hábito: criamos coisas e nos tornamos parte delas. Todos os dias, acordamos e encarnamos Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1143207339219926882006-03-24T09:32:00.000-03:002006-03-24T10:35:39.273-03:00NirvanaEstive à beira dos teus olhos, no limiar do desejo, perigosamente exposto ao efeito da tua presença.Estivemos, os dois, às margens do abismo. Induzidos, pela lógica hormonal de nossos corpos complementares, a saltar .Estávamos na fronteira de nós mesmos, fuzilados pelo calor químico da pele, torturados pela ansiedade dos lábios, pela curiosidade tátil das mãos invasoras, carinhosas e Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1141875332507682082006-03-09T00:18:00.000-03:002006-03-09T00:41:13.436-03:00Palavra...Perco a palavra todas as horas.Ela me vem e me escapa.Escorrega e foge como uma bela mulher em uma festa, que olha, seduz e some.Magnetiza e segue.Atrai e atiça.Não é minha, não tem dono.É bela, absoluta e perfeita.Mas não pára, não cede e não se deixa tocar.Uma palavra em movimento, é o que persigo em cada cena que percorro.Uma só palavra me faz tão prolixo. Deixa meus lábios em transe e meus Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1141339334008175442006-03-02T19:39:00.001-03:002008-04-26T13:01:49.935-03:00O portal para Deus.Em um único e mágico instante, uma criança sorriu.E diante daquele sorriso, a roda do mundo parou e o improvável aconteceu: as pessoas notaram o sorriso.Não, não só notaram como sentiram também. Seus corações, embaçados de rotina, foram capazes, naquele instante singular, de perceber a grandeza da verdade que se revelava no sorriso de uma criança.As pessoas amaram ver o amor no sorriso da Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1140581188948738302006-02-22T00:22:00.001-03:002008-04-26T12:53:34.019-03:00O Falso Mudo, o poeta que sangra em palavras.Me perguntaram porque calei a poesia.Se havia enjoado de sambinha, de Vinícius, de Betânia e de todas aquelas vozes das quais sempre fui arauto. Se havia me cansado daquelas palavras que entoava com tanta fé e tanta intimidade que era como se advogasse pelos poetas perante Deus.Me perguntaram, enfim, se eu havia perdido a fé na paixão.Estão incomodados comigo, como fazem as pessoas diante de Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1140143099974767372006-02-16T22:51:00.000-02:002006-02-17T11:30:26.856-02:00O FilhoJá haviam se passado dez anos desde os longínquos dezenove em que se apaixonou perdidamente e foi traído.Era tempo suficiente para esquecer, mas nada foi esquecido. Nem a traição, nem a loucura, nem os olhos, nem braços, nem a pele, nem a voz, nem o chiclete que ela não cansava de estalar com língua.Em dez anos, nada se perdeu em sua memória. Não se descoloriram os lábios irrigados a sangue nem Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1138158458153550492006-01-25T00:47:00.000-02:002006-02-09T23:43:42.293-02:00Oração vividaInvado a madrugada lendo a noite com olhos tranquilos.Pela janela, até a cidade me chega mais íntima. As luzes mais leves, os carros mais calmos.Meu amor, que dorme na minha cama, desperta entre um sonho e outro, rouba meus olhos do livro e me estende o braço, preguiçosa, balbuciando com voz de sono que é para eu abraçá-la e dormir também.A ordem impera com lógica indiscutível. Há tanta poesia Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1138156806820754542006-01-24T23:49:00.000-02:002006-01-25T00:40:06.896-02:00Estrada(Trilha sonora: Secos e Molhados)Quando caio na estrada é como se estivesse pedindo licença da minha própria vida. Abandono minha carcaça, crio meu próprio conceito de tempo, renovo o espírito e jogo fora os pensamentos que são velhos.Há magia em uma viagem qualquer. A mim não importa estar indo a um outro país ou ao centro da cidade. O que conta é o espírito que carrego quando saio de casa para Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1137638794396456112006-01-19T00:04:00.000-02:002006-01-20T00:30:23.000-02:00JerônimoSim, eu penso em saltar por janelas. Não, não sou suicida, nem sou daquelas pessoas que fazem questão de chamar a atenção sobre si mesmas. Sou tímido.Essa idéia sempre me vinha à cabeça quando estava em ambientes excessivamente formais, em que as pessoas ficam contidas aos gestos uniformes, aos movimentos comedidos, ao silêncio. Mas também já pensei em saltar de janelas de festas, de sacadas, de Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1137044473271981842006-01-12T03:33:00.000-02:002006-01-12T03:41:13.283-02:00Razão subvertidaOntem perdi a hora com todas as gotas de tempo.E as gotas caíram em minha alma, torturando-a com uma constância monótona.Pingaram uma a uma na noite escura, imitaram a chuva fina que caía fora da casa velha.Caíram, gota-a-gota enquanto eu estava lá, deitado, amarrado a uma distância absurda, contando cada pingo no telhado, cada mínima dose de tempo.E aquele que seria o único remédio para a Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1136429987702955142006-01-05T00:46:00.000-02:002006-01-09T00:52:05.873-02:00CenaPor quatro noites seguidas, dois homens fortes de cara fechada desceram as escadas e seguiram o corredor do segundo piso até o final.Ao fim da quarta noite, como se encontrassem o objeto de tão obstinada busca, levantaram a cabeça do homem que se sentava próximo à porta do último quarto, o que estava de pé gritou "jerônimo? esta é a sua sentença" e apontou uma arma brilhante que disparou duas Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5778667.post-1136346359604188702006-01-04T01:24:00.000-02:002006-01-04T01:45:59.633-02:00TerraEstive lá. Pisei na terra. Revi os vivos e os mortos. Vi a mim mesmo, criança, quando ainda tinha medo e fascínio com aquilo que me era novo: o mundo.Perdi-me no tempo e segui andando a esmo confundindo o caminhar do tempo de agora com a memória do eu-menino, onde nasci, onde moram meus pais, onde todos os meus ancestrais estão enterrados. Eu me vi seguindo os passos de meu avô, os passos largos Urihttp://www.blogger.com/profile/11927568535458373759noreply@blogger.com4