segunda-feira, setembro 08, 2008

Balanço

Inventei um sonho para cada um dos tantos dias que vivi até hoje e minha vida tem caminhado, passo a passo, de um sonho a outro.
Andei por vários destes anos buscando o significado de mim e, em mim mesmo, assim sozinho, não vi resposta nem graça. Inventei amar, mas o amor se mostrou uma criatura indomável e inconstante, ora precipitada, ora arredia e meu coração sacolejou muito ao tentar cavalgá-la.
Inventei guerras e me fiz herói, mas meu heroismo não resistiu à rotina e as guerras perderam o sentido no somatório da vida.
Na trilha oposta, busquei a paz, mas também a paz se mostrou inócua.
Amei o vento, as noites de lua, as montanhas, as cachoeiras, as longas distâncias à pé, as horas incontáveis pedalando e as caçadas aos pôres-do-sol.
Aliás, foi entre os elementos aprendi o significado da simplicidade e me senti mais forte.
Fiz do movimento minha maior verdade e é o movimento que me dá essência, porque sou inquieto.
Não gostei de mim quando causei mágoas, quando decepcionei olhares, quando fui egoísta, quando vaidoso ou medíocre.
Gostei de mim quando estive entre as pessoas, quando entreguei sorrisos nas bocas, quando arrastei crianças pela imaginação afora.
Sim, sobretudo, gostei de ser palhaço.
E sigo andando, tentando cansar a vida com minha persistência, sorrindo das suas chacotas e rastreando o selvagem amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo balanço, querido.
E nós somos sempre MUITO maiores do que nos enxergamos. Sempre!

Que tal deixar o amor rastrear você, pra variar? rs

beijo!