quinta-feira, maio 25, 2006

areia dos sonhos

Quando pequeno, lembro de sonhar com areia.
Era uma grande bola de areia - sim, nos sonhos de crianças elas são possíveis -, e ela rolava aumentando de tamanho e, à medida que aumentava, ela se tornava mais leve e, à medida que ficava leve, a superfície pela qual rolava se tornava mais rugosa e o seu rolar na superfície irregular era algo incômodo e insuportável, eu sentia isso.
Quando a bola de areia parecia atingir seu ápice de tamanho e a superfície já não tinha como ser mais irregular, ela se equilibrava sobre a ponta de uma agulha e essa imagem simbolizava o extremo de uma angústia sufocante.
Mas a bola se tornava pequena de novo, pequena como a ponta da agulha em que se equilibrava e sua densidade era tanta que seu peso era muitas vezes maior, mas a superfície se tornava lisa e o seu deslocamento era, então, suave, lento e tranquilo.
Eu devia ter três ou quatro anos, pelas minhas contas de adulto.
Não havia medos nem a escravidão da lógica, só a angústia ilustrada por minha própria imaginação.
Meus sonhos eram uma aliança intuitiva entre o que sentia e as coisas que via no mundo sem saber ao certo o que eram, como areia, peso ou agulha.
Hoje sinto meus sonhos contaminados pela lógica, enquadrados.
Mas na noite passada, eu vi areia em um sonho qualquer e, no próprio sonho, lembrei daquele sonho de criança. Nesse meta-sonho, eu vi que um dia fui capaz de elaborar algo despido de todos os conceitos que me foram socialmente servidos até hoje, eu era pura imaginação.
Percebendo isso, quis construir um sonho novo, então pulei no ar e saí voando.

10 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, tenho que te dar os parabéns, vc leva a sério o conceito de sumiço, hein? que fotos lindas vc está arranjando. bjo

Anônimo disse...

Oi querido, saudades! Ando com uma vontade louca de me libertar de tanta coisa que essa vida 'civilizada' me impõe que vc não imagina...Seria um grande problema, pq mesmo domesticada eu já não sou lá muito civilizada! rssss E ao mesmo tempo, estou me sentindo na obrigação (por mim mesma) de tentar dançar conforme a música pra variar e mudar a tática, sabe comé? Enfim, tem horas que me parece que a gente devota a vida a aprender algo para depois perceber que não precisava de nada disso. Estou dada à filofia hj! Meu carinho inabalável pra vc, beijos.

Anônimo disse...

Mesmo civilizado, você sabe que ainda pode voar!
Que luxo!
Estou babando de inveja (risos)
Beijabraços da Cristina do Bandeijão

Anônimo disse...

conhecendo e gostando.Civilizaçao é um conceito duvidoso hoje em dia...Venho pensando muto nisso. Bom sos textos e bem legais e belas as forts.Unir a sensivbilidade,a critica é bom.As vzes eu nao consigo la no meu blog,mas vale o esforço e um novo olhar critico(?)sobre as velhs questoes.Gostei.Voltarei,Dexy.
http://dexy.extremus.zip.net

Anônimo disse...

Fazia tempo que eu não pisava aqui no seu canto, Uri e, para minha feliz surpresa, tudo está tão mais bonito. Achei você e suas palavras, mais livres, mais soltas, enfim... Que continue assim. Beijos.

Anônimo disse...

Ai, que abandonada do mundo blogueiro que vc deu...Gostei não!

Cristiano Contreiras disse...

doces sentires de sonhos de um tempo eternizado...

quimera.
Infancia.

boa semana ;)

Anônimo disse...

Meu amigo, passando pra te desejar uma semana de paz e luz. Beijão pra vc.

Anônimo disse...

Saudade das suas palavras...
bjs

Anônimo disse...

ola. te achei pelo blog cartesiano. muito bom por sinal. o seu e o dele. rs.
abraços.